Conhecer-se! É preciso! Tem gente que vivem sem saber quem é de verdade. Por isso, caro Filoteu, aí está a minha reflexão: um ponto de partida para o ano novo, um ponto de chegada para o fim de um ano que se vai. O tempo não perdoa, ele passa. E o que se vai fazer com o tempo que se vai? A crise do tempo parece tão implacável! As pessoas sem tempo, as pessoas tão cheias de coisas para fazer e para ter. E para ser? E para viver a gratuidade da vida? Sei lá! Acho importante não querer ser o super-herói, o máquina, o faz-tudo, o resolve-tudo ou o gênio da lâmpada de Aladim. É bom saber-se limitado e fraco, necessitado do Outro e dos outros. É bom entender que estamos na busca, somos peregrinos, não somos turistas. Não estamos caminhando em meio a garantias, para seguranças totais que o progresso ou as conquistas humanas nos proporcionem. Somente a verdade plena, a beleza incriada, a bondade sem limites poderá dar um sentido à essa busca, ao peregrinar entendido não como passos dados na direção do nada, mas visualizando pela fé um TUDO que nos aguarda e nos envolve no agora. Descobrir-se como peregrino! Descobrir-se como pessoa, como andarilho, como construtor de si. Nessa busca da descoberta de si, um universo de possibilidades vêm à tona. Uma aventura, uma eterna novidade, um desafio grande e ao mesmo tempo necessário. Às vezes doce como o mel, outras, amargo como um fel. Mas, é preciso conhecer-se, é preciso dar nome aos tijolos que usamos ou que são usados nesta construção pessoal. Obra inacabada, somos seres históricos. O tempo e o espaço, longe de serem nossa jaula são as ferramentas, os sacramentos para que o eu seja como diz Heidegger um "ser-aí". E que o eu se contrua como um "ser-com-os-outros". Captando as possibilidades, respeitando as fragilidades, os limites e os talentos nos introduzem na dialética da vida. Rumo à síntese, rumo à unidade interior.