quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

I JOFISC – JORNADA DE FISIOTERAPIA DO SERTÃO CENTRAL


No século XIX, os recursos fisioterápicos faziam parte da terapêutica médica, e assim há registros da criação, no período compreendido entre 1879 e 1883, do serviço de eletricidade médica, e também do serviço de hidroterapia no Rio de Janeiro, existente até os dias de hoje, sob denominação de “Casa das Duchas”.
Na década de 30, Rio de Janeiro e São Paulo possuíam serviços de Fisioterapia idealizados por médicos que tomavam para si a terapêutica de forma integral, experimentando recursos físicos que outros médicos, à época, não ousavam buscar para minimizar as seqüelas de seus pacientes. Essa visão ampla de compromisso com o paciente, engajando-se num tratamento mais eficaz que promovesse sua reabilitação, uma vez que as incapacidades físicas por vezes o excluíam socialmente, levou aqueles médicos a serem denominados médicos de reabilitação.
A década de 40 e o pós guerra trouxeram reflexos  positivos para a  Fisioterapia enquanto prática recuperadora das seqüelas físicas de guerra pois motivou a modernização dos serviços de Fisioterapia no Rio de Janeiro e em São Paulo e criação de novos serviços em outras capitais do país e o consequente aumento da oferta e da procura levou os chamados médicos de reabilitação a se preocuparem com a resolutividade dos tratamentos. Com este objetivo,  empenharam-se para que o ensino da Fisioterapia como recurso terapêutico, então restrito aos bancos escolares das faculdades médicas nos campos teórico e prático, deveria ser difundido entre os paramédicos, que eram os praticantes da arte indicada pelos doutores de então.
Essa nova maneira de atuar ou de intervir nas condições de saúde do indivíduo ou da população foi, aqui no Brasil, dirigida de tal forma para a “reabilitação” que, em um determinado momento, a forma de atuação “Fisioterapia” parece ter sido entendida como sinônimo do tipo de  assistência apenas “reabilitadora”. Além desses, outros fatores contribuíram para fortalecer a Fisioterapia apenas como uma intervenção reabilitadora, um exemplo disto foi a grande incidencia de poliomielite na década de 50, a quantidade de pessoas atingidas pelos acidentes de trabalho era uma das maiores da América do Sul, o que permitia a inferência de que uma expressiva faixa populacional precisava ser reabilitada para integrar-se ao sistema produtivo.
Um marco histórico deste processo de mudança foi a criação de cursos superiores de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional em 1964 e o Código de Ética Profissional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, estabelecido pela resolução nº 10 do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional que refere-se, em alguns de seus artigos, ao objeto de trabalho do Fisioterapeuta e do Terapeuta Ocupacional como sendo o de prestar assistência ao homem, participando da promoção, tratamento e recuperação de sua saúde, utilizando todos os conhecimentos técnicos e científicos a seu alcance para prevenir  ou minorar o sofrimento do ser humano e evitar o seu extermínio.
Vivemos pois, um momento delicado em que por um lado é colocado o romantismo da redemocratização de nosso país e da Reforma Sanitária brasileira, com a expectativa da universalidade do direito a saúde e do compromisso profissional com a vida humana e de outro, a necessidade do enfrentmento das adversidades decorrentes da política partidária despótica e populista insituída em nosso país, em nossos arredores.
Senhores, este é um tempo de júbilo, mas sobretudo de reflexão sobre as nossas ações, sobre nossas práticas e sobre as indagações do cotidiano que teimam em nos perguntar:
Como promover saúde, se tê-la nada mais é que ter um complexo bem estar físico, mental e social decorrente de fatores como acesso a emprego, renda, a justiça a recursos sustentáveis, etc ?
Como garantir acesso universal e equitativo à saúde, se ainda vemos em nosso país, em nosso estado e no Sertão indivíduos sem garantias mínimas de manutenção da vida?
Como cumprir e como fazer cumprir o juramento que outrora fizemos, se ainda somos submetidos a precarização do trabalho e não temos reconhecido a relevância de nossas ações?
Senhores, sabemos que a conquista do mais alto grau de saúde requer a intervenção de outros setores como a economia, a educação, a política, e que a melhoria da qualidade de vida e do acesso a saúde é um dos mais importantes fatores para o alcance da paz mundial, a partir desta máxima proposta pela 1ª Conferencia Internacional de Cuidados Primários em Saúde, ocorrida em Alma Ata, na antiga URSS, é importante que nos perguntemos a cada amanhecer o que eu profissional de saúde faço para o alcance desta metas mundiais, o que eu, ser político faço para que o povo que represento esteja a cada dia mais próximo deste direito.

Prezados é neste clima de alegria e de crescimento que acolheremos a cada um de vocês que estarão conosco na Jornada de Fisioterapia do Sertão Central.
Até lá!
Ivna Zaíra Figueredo da Silva - Fisioterapeuta – CREFITO 61051 – F

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