quinta-feira, 22 de março de 2012

No Dia Mundial da Água, a Fundação SOS Mata Atlântica apresenta resultados de análises de água em 11 Estados brasileiros


O Rio Salgado, na Região do Cariri, é, dos três rios cearenses monitorados, o que teve a pior
pontuação Foto: Honório Barbosa
 
A água é o insumo mais fundamental à manutenção da vida em nosso planeta e, como é escasso em quantidade, qualidade e disponibilidade, precisa ser valorizado como tal. O dia de hoje, dedicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) à água, deve servir, antes de tudo como incentivo à reflexão sobre o tema.
Aproveitando a data – este ano dedicada pela ONU à discussão sobre segurança alimentar –  para estimular a sociedade brasileira a pensar mais sobre o assunto, a Organização Não-Governamental (ONG) Fundação SOS Mata Atlântica divulga mais um balanço realizado em rios de 11 Estados brasileiros, pela equipe do projeto itinerante “A Mata Atlântica é aqui – exposição itinerante do cidadão atuante”.
No total, foram realizadas 49 avaliações, de janeiro de 2011 a março de 2012. Entre os rios avaliados, nenhum obteve resultado satisfatório. A iniciativa tem o patrocínio de Bradesco Cartões, Natura e Volkswagen Caminhões & Ônibus.
Dos 49 corpos d’água monitorados, nos estados Estados do CE, PI, BA, SP, MG, ES, RJ, MS, RS, PR e SC, 75,5% foram classificados como “regular” e 24,5% no nível “ruim”. Nenhum dos pontos de coleta conseguiu a soma necessária para alcançar os níveis “bom” ou “ótimo”.
Dos três rios cearenses analisados, um, o Rio Salgado (Juazeiro do Norte) obteve 26 pontos, sendo considerado “ruim”. Os outros dois – Acaraú (Sobral) e São Gonçalo (Tianguá) foram considerados “regulares”, com 31 e 32 pontos, respectivamente.
As análises que tiveram o melhor resultado foram as do Rio Santa Maria da Vitória, em Vitória (ES); Rio Paraíba do Sul, em Resende (RJ); Bica da Marina, em Angra dos Reis (RJ); Arroio Jupira, em Foz do Iguaçu (PR); e do Rio Camboriú, na cidade de Balneário Camboriú (SC), todas com 33 pontos.
Os resultados mais baixos ficaram para os rios Criciúma, na cidade de Criciúma (SC), com 23 pontos, e o Itapicuru Mirim, em Jacobina (BA), com 24 pontos.
“Desde maio de 2009 o projeto tem realizado análises como estas e ainda não chegamos a um rio classificado ao menos como bom. Se compararmos os resultados atuais com os anteriores, verificamos que não há grandes mudanças, o que mostra a necessidade de ações que contribuam para a conservação e a melhoria da qualidade de nossas águas”, disse Malu Ribeiro, coordenadora do Programa Rede das Águas, da SOS Mata Atlântica.
Análises
A cada semana, o projeto “A Mata Atlântica é aqui – exposição itinerante do cidadão atuante” visita uma cidade diferente e promove atrações gratuitas com a população local. Entre as atividades está a seleção de um ou mais corpos d’água locais para serem analisados.
Essas avaliações têm o objetivo de checar a qualidade dos rios, córregos, lagos e outros corpos d’água das cidades e, desta forma, alertar a população sobre a real situação do local onde vive. Para realizar a análise, a equipe conta com um kit de monitoramento desenvolvido pelo Programa Rede das Águas da própria ONG.
O kit classifica a qualidade das águas em cinco níveis de pontuação: péssimo (de 14 a 20 pontos), ruim (de 21 a 26 pontos), regular (de 27 a 35 pontos), bom (de 36 a 40 pontos) e ótimo (acima de 40 pontos).
Os níveis de pontuação são compostos pelo Índice de Qualidade da Água (IQA), padrão definido no Brasil por resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), obtido pela soma da pontuação de 14 parâmetros físico-químicos, biológicos e de percepção, avaliados com auxílio do kit.
Em cada análise são avaliados a temperatura, turbidez, espumas, lixo, odor, peixes, larvas e vermes brancos ou vermelhos, coliformes totais, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, potencial hidrogeniônico, níveis de nitrato e de fosfato. Cada um destes parâmetros pode acrescentar de um a três pontos, obtendo o mínimo de 14 e máximo de 42 pontos.
Alterações
O ano de 2011 marcou o início do terceiro ciclo anual do projeto itinerante da SOS Mata Atlântica. Neste ciclo, a exposição revisitou algumas cidades e realizou uma nova coleta de água em rios já avaliados pela equipe.
Alguns destes resultados tiveram grandes alterações, como é o caso do Córrego Bom Retiro, em Londrina (PR); do Rio Tietê, em Itu (SP); e do Rio Santa Maria da Vitória, Vitória (ES), que ganharam sete pontos em suas análises e passaram da classificação “ruim” para a “regular”.
Outras avaliações com grandes alterações foram as dos rios Criciúma, em Criciúma (SC), que perdeu cinco pontos, e Paquequer, em Teresópolis (RJ), com quatro pontos a menos. Ambos caíram da classificação “regular” para “ruim”.
“A água é essencial para a vida. Não podemos tratá-la como se fosse uma lata de lixo onde jogamos nossos esgotos e o que simplesmente não queremos mais. O cuidado com os recursos hídricos deve ser feito por todos”, destaca Malu.
Uma grande preocupação é com relação à proposta de alterar o Código Florestal, que está atualmente na Câmara. O texto coloca em risco esses importantes ambientes ao propor a consolidação de ocupações irregulares em manguezais ocorridas até 2008, consolidar ocupações urbanas nessas áreas e permitir novas ocupações, sendo 35% em manguezais do Bioma Mata Atlântica e 10% na Amazônia.
Pacto das Águas
Parlamentares e representantes de diversas organizações ambientais estarão reunidos em um café da manhã, nesta quinta-feira (22 de março), às 9h, no plenário II da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), para debater o tema “Tempo de Soluções: Do VI Fórum Mundial da Água à realidade no Brasil”.
O evento marcará o lançamento do Pacto das Águas, que reunirá Legislativo, sociedade civil, organismos de bacia e gestores de água em defesa da gestão integrada dos recursos hídricos. O objetivo é fortalecer o tema água politicamente. O café da manhã será a primeira ação do Pacto e está sendo organizado pela SOS Mata Atlântica, em parceria com a Frente Parlamentar Ambientalista.
Programa Rede das Águas
A Rede das Águas é um programa de informação e intercâmbio voltado à mobilização social para a gestão integrada da água e da floresta, além do fortalecimento e aprimoramento de políticas públicas.
Reúne os projetos da Fundação SOS Mata Atlântica relacionados ao tema água, como o Núcleo União Pró-Tietê, que nasceu em 1991 estimulado pela campanha pela despoluição do Rio Tiête e que reuniu 1,2 milhão de assinaturas num abaixo-assinado entregue ao Governo do Estado de São Paulo.
Consolidou-se como ferramenta de mobilização no setor de recursos hídricos e possibilitou o início das atividades de educação ambiental e mobilização ligadas ao tema água em rede social.
Um exemplo é o Observando os Rios, uma metodologia composta por kits de monitoramento da qualidade da água utilizada hoje em diversas bacias hidrográficas brasileiras, de dez Estados do bioma Mata Atlântica (SP, MG, PR, SC, RS, RJ, AL, CE, PE. GO e DF). Mais informações no site:www.rededasaguas.org.br.
Sobre o projeto itinerante
O projeto “A Mata Atlântica é aqui – exposição itinerante do cidadão atuante”, da Fundação SOS Mata Atlântica, foi lançado em maio de 2009 e já visitou mais de 90 cidades nos 17 Estados em que a Mata Atlântica ocorre.
Ao todo, mais de 290 mil pessoas já participaram das atividades realizadas no caminhão. Além disso, mais de 110 corpos d’água foram monitorados pelo projeto, que contou com apoio de 250 instituições ao longo da viagem. Quem tiver interesse em acompanhar as visitas do projeto em cada cidade por onde passa, deve acessar www.sosma.org.br/blog.
Sobre a Fundação SOS Mata Atlântica
Criada em 1986, a Fundação SOS Mata Atlântica comemorou em 2011 seus 25 anos. É uma organização privada sem fins lucrativos, que tem como missão promover a conservação da diversidade biológica e cultural do Bioma Mata Atlântica e ecossistemas sob sua influência. Assim, estimula ações para o desenvolvimento sustentável, promove a educação e o conhecimento sobre a Mata Atlântica, mobiliza, capacita e incentiva o exercício da cidadania socioambiental.
A Fundação desenvolve projetos de conservação ambiental, produção de dados, mapeamento e monitoramento da cobertura florestal do Bioma, campanhas, estratégias de ação na área de políticas públicas, programas de educação ambiental e restauração florestal, voluntariado, desenvolvimento sustentável, proteção e manejo de ecossistemas. Mais informações emwww.sosma.org.br.
Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica