Espiritualidade, fatos reais e ficção científica se misturam no mais novo filme da cearense Estação Luz Filmes.
Oito mil quilômetros dividem as duas cidades em que o filme se passa, segundo calcula o próprio protagonista. E nem ele consegue acreditar na possibilidade de um mesmo fenômeno estar acontecendo em ambos os lugares: Los Angeles, nos Estados Unidos, e Quixadá, no Ceará. O que duas cidades tão distintas teriam em comum?
Isto é o que o repórter Thomas Mathews é levado a descobrir. Interpretado pelo norte-americano Isaiah Washington (de "Grey´s Anatomy"), o conceituado jornalista, vencedor do prêmio Conscience-in-Media por desvendar uma denúncia de derramamento tóxico por uma grande empresa, tem sua vida abalada por não conseguir descobrir o paradeiro do próprio filho, Peter, desaparecido há um ano.
Thomas está afastado do emprego e, prestes a perder a própria casa, decide aceitar a proposta de uma revista: cobrir casos de avistamento de Objetos Voadores Não-Identificados (OVNIs) e contatos imediatos de primeiro, segundo e terceiro graus ocorridos no Brasil. Não estava em seus planos deixar L.A. sem pistas de Peter, mas por necessidade decide ir.
Murilo Rosa fala sobre o filme "Área Q"
As investigações acontecem na cidade de Quixadá, no Ceará, a pouco mais de 160km de Fortaleza. Na cidade, Thomas entra em contato com as muitas histórias de moradores que afirmam ter visto os alaranjados feixes de luz e até terem interagido com eles, a ponto de confirmarem a abdução e a miraculosa cura de doenças.
Em meio a depoimentos e sensibilizado por seu drama pessoal, o repórter descobrirá que sua cidade de origem e aquele lugar podem, de fato, possuir uma conexão extraterrena.
Segundo o produtor executivo Luís Eduardo Girão, da Estação Luz Filmes, a proposta inicial do roteiro era ser montado integralmente nos Estados Unidos. "O diretor queria que fosse filmado no Arizona, foi o Halder Gomes que falou para ele sobre o grande polo de pesquisas ufológicas e de depoimentos existentes no Ceará, mais especificamente nessa área dos sertões, e o convenceu a filmar aqui". Dessa localização provém o nome do filme, Área Q, que compreende as regiões de Quixadá, Quixeramobim, Quixeré e Quixelô.
De fato, entre os meios científicos e amadores que pesquisam aparições extraterrestres, Quixadá é reconhecidamente um centro de estudos. A atriz cearense Karla Karenina, que integrou o elenco do filme, disse que os próprios moradores comentam com certa naturalidade sobre o fenômeno. "Até as pessoas mais idosas, do interior, se você perguntar, elas vão responder: ´ah, você quer saber dos aparêi?´. Eles reconhecem as aparições como ´aparelhos´!"
Trailer de "Área Q"
As histórias de contatos extraterrestres citadas no filme foram colhidas desses depoimentos. São marcas no solo, cheiros, imagens e até mesmo abduções. "A história do protagonista, Thomas Mathews, é fictícia, mas o caso de João Batista, um dos personagens principais da trama, por exemplo, é real. É baseada no famoso Caso Barroso, um senhor que foi abduzido em 1976 e desde então passou a apresentar regressão mental e até rejuvenescimento. Ele foi o único caso brasileiro de aposentadoria por abdução", relata Luís Eduardo Girão. No conteúdo extra, é possível conferir uma entrevista com o ator Murilo Rosa, que interpreta João Batista.
Espiritualidade
Mas porque a Estação Luz Filmes, que vem investindo em produções ligadas à espiritualidade, teria interesse em produzir uma ficção científica sobre extraterrestres?
"A crença em uma força superior também está relacionada a essa ideia de extra-mundo. Algumas correntes espiritualistas acreditam na existência de serem extraterrenos", explica o produtor-executivo. Karla Karenina reforça: "É um meio de explicar aquilo de que ainda não temos toda a ciência". Além disso, Girão afirma ainda que a proposta do filme não é representar esse contato como ofensivo ou bélico, pelo contrário. "A ideia central do filme é alertar para a importância de cuidarmos uns dos outros e juntos, do planeta. A caridade e a solidariedade que difundimos em nossos filmes também está presente neste", arremata.
A distribuição, que a princípio fora fechada em 50 cópias, já está sendo cotada para ficar entre 70 e 80, por pressão dos exibidores. "Estamos contentes com a boa receptividade do público. A estreia de ´Área Q´ vai acontecer apenas no Brasil. Dependendo do retorno, será cogitada a estreia internacional", adianta o produtor. As primeiras exibições acontecem nesta sexta-feira em 14 capitais brasileiras.
Mais informações
Área Q (Brasil, 2012), de Halder Gomes e Gerson Sanginitto. Com Isaiah Washington, Murilo Rosa e Tania Khalill. Estreia sexta-feira. Sessões no caderno Zoeira.
MAYARA DE ARAÚJOREPÓRTER