Na avaliação da presidente, uma grande nação deve ser medida pelo que faz pelas crianças e adolescentes.
Brasília. Diante de um público de crianças e adolescentes, a presidente Dilma Rousseff disse ontem que o governo vai aumentar o número de escolas em tempo integral no País. Segundo Dilma, a finalidade é ampliar dos atuais 33 mil para 60 mil o número de colégios de ensino médio e fundamental que oferecem atividades em turno complementar até o final de 2014.
Para a presidente Dilma Rousseff, o País precisa caminhar para a escola de tempo integral, não é só para tirar os jovens e crianças das ruas, mas também para garantir um ensino de padrão de primeiro mundo FOTO: AGÊNCIA BRASIL
"Esse País precisa caminhar para a escola de tempo integral, não e só para tirar os nossos jovens e crianças das ruas, é também para garantir ensino de padrão de primeiro mundo. Nenhum país desenvolvido tem escolas de período único", disse durante discurso na 9ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.
A presidente destacou que a ampliação do turno escolar garante reforço aos estudantes nas disciplinas em que eles têm mais dificuldades, além de dar acesso a atividades culturais e esportivas. "Vamos disputar a economia moderna, a economia do conhecimento, aquela que agrega valor. Esse país vai ser desenvolvido quando as crianças e jovens tiverem acesso à educação de qualidade", disse.
Na avaliação da presidente, uma grande nação deve ser medida não só pelas riquezas econômicas, mas também pelo que faz pelas crianças e adolescentes. A 9ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente começou na quarta-feira e segue até este sábado (14). Durante o encontro, será discutido um plano que prevê políticas públicas ao longo de dez anos, voltadas à proteção de menores que estão em abrigos, nas ruas e em conflito com a lei.
Dilma aproveitou para dar um recado em relação às críticas sobre o baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Em seu discurso, Dilma disse que uma "grande nação" não se mede pelo PIB.
"Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para suas crianças e seus adolescentes. Não é o Produto Interno Bruto. É a capacidade do País, do governo, e da sociedade de proteger o seu presente o seu futuro, que são suas crianças e seus adolescentes", afirmou.
Em junho, o Banco Central revisou a sua projeção para o crescimento do PIB do país em 2012 de 3,5% para 2,5%.
Críticas
A presidente voltou a criticar a política de governo anteriores em relação à distribuição de renda, dizendo que o Brasil viveu uma situação "lamentável" e "terrível".
"Um país com tantas riquezas, formado por um povo tão solidário, mas que uma parte imensa da sua população estava afastada dos direitos e sobretudo do direito de se beneficiar dessas riquezas e tudo que esse País pode produzir", disse.
Em seu discurso, a presidente também manifestou apoio à indicação do brasileiro Wanderlino Nogueira Neto para integrar o Comitê dos Direitos da Criança da ONU. Dilma desejou boa sorte ao indicado.
A presidente chegou ao evento com atraso de 45 minutos, o que deixou impaciente a plateia da conferência, formada em parte por adolescentes.
Duas mestres de cerimônia se revezavam na tentativa de animar o público. "Cadê os adolescentes dessa conferência? Quantos somos? 600? 700? Muitos mil", agitava uma delas.
Como a presidente não chegava, as animadoras começaram a arregimentar jovens para cantar, mesmo sem acompanhamento de instrumentos musicais. "Está rouca? Não tem problema não!", disse uma delas a uma jovem, que acabou entoando um funk.
"Isso, na minha terra, se chama ´enrolation´, ´embromation´", reclamou da plateia uma delegada da Bahia.
Outra tentativa das animadoras foi: "E quem veio aqui para nos ver? Ô, Dilma, cadê você...". Adolescentes de Minas Gerais e do Distrito Federal fizeram uma adaptação do hino, que foi cantado para Dilma, assim que a presidente subiu ao palco. "Ô, Dilma, dá um jeito, eu vim aqui pelos meus direitos!"