domingo, 14 de outubro de 2012

SERTÃO CENTRAL: Reggae dá o tom da festa que embala Quixadá



A Malafaya agendou intensa programação para comemorar a formação do grupo, que conta com 10 músicos.

Os músicos têm programada apresentação no próximo dia 26 na Feira de Negócios da Região Centro, em Quixadá, mas a data oficial do aniversário é 3 de novembro, quando nova exibição ocorrerá para a comemoração com os fãs fotos: alex pimentel

Quixadá. Destaque no Festival Reggae Club, realizado recentemente em Fortaleza, no Centro Dragão do Mar, e reconhecida como uma das três melhores bandas do gênero no Ceará, a Malafaya pretende comemorar seu terceiro aniversário, em novembro, com um show especial. Os dez músicos do grupo estão agendando uma programação muito especial. Será uma apresentação beneficente. Eles pretendem ajudar um amigo a enfrentar o câncer.

A data do espetáculo ainda não foi definida, mas os músicos já estão aprontando um repertório dedicado ao fã. Além das oito músicas autorais, pretendem tocar sucessos consagrados para atrair e agradar o público.

Segundo o guitarrista Etim Malafaya, um dos lideres da banda, o momento é muito importante para a musicalidade de Quixadá. Com o auxílio da internet e a valorização de produtores especializados no reggae, como Carlinhos Canção e Mário Brother, eles começam a emplacar algumas músicas.

Com o apoio da mídia radiofônica regional pretendem alcançar o mesmo sucesso da Black Banda, formada no início da década de 1980, em Quixadá, pelo atual maestro da Banda de Música Municipal, Didi Barros, e pelo músico José Ednilson Matias, hoje coordenador da banda Mastruz com Leite.

O baixista da Malafaya, Marcelo Moreira, recorda do início do grupo. Surgiu de uma simples brincadeira. Eles se reuniam para tocar nos fins de semana e, aos poucos, com o surgimento da harmonia e a combinação de ideias e sons, a banda foi oficialmente formada, no início de novembro de 2009.

Espaço
Desde então buscam espaço regional. Além da participação em festivais, aguardam convites. Não é fácil, em razão da preferência popular pelo estilo tipicamente nordestino, o forró. Todavia, eles estão empolgados.

O ritmo jamaicano também é envolvente. Na opinião dele, a juventude de Quixadá e cidades vizinhas está "curtindo" cada vez mais a Malafaya.

Hoje com 26 anos, Marcelo Moreira confessa participar da banda por amor à musica. O mesmo ocorre com o restante dos amigos. É prazeroso juntar todos os instrumentos e harmonizarem o estilo criado na Jamaica, no início da década de 1960, consagrado através de Bob Marley. Marcelo diz ter se apaixonado pelo reggae quando assistiu a um show da banda Dona Leda, no Ceará Music.

Acostumado a receber os tios e amigos em sua casa, acabou aprendendo a tocar um instrumento elétrico de cordas, o baixo. Mas coube ao amigo Etim Malafaya, convencer o restante da turma a formarem a banda influenciada pela sonoridade de Edson Gomes, Tribo de Jah, Cidade Negra e da banda cearense Dona Leda.

Passados três anos, a Malafaya mantém sua formação original. Etim Malafaya na guitarra base, Marcelo Moreira toca baixo, Thiago Sampaio, guitarra solo, Jhefferson Glaizer no teclado, Fabio Marques no sax tenor, Claudio Pereira toca trompete, Rafael Silva, trombone, Rennan Kaique no Sax alto e Claudio Bena é o baterista. O mais experiente, Júlio Jamaica, é o vocalista. Ele participou da formação da Black Banda. As primeiras músicas são: Diferença social (Marcelo Moreira), Além das ondas (Etim Malafaya e Júlio Jamaica), Um reggae pra namorar (Etim Malafaya), Sitemática (Júlio Jamaica e Thiago Almeida), Grito de paz (Didi Barros e Ferreira Filho) e, também, Escolha certa (Leudo Gonçalves).

Profissionais
O grupo conta apenas com dois músicos profissionais. Um deles é o vocalista, Júlio Jamaica; o outro é o maestro Fábio Marque. Etim e Claudio Pereira são vendedores; Marcelo Moreira e Jeferson Glaizer são professores; o primeiro de Educação Física e o segundo de Biologia. O único estudante entre os músicos é Rafael Silva. Mas nunca vão entrar pelo cano, brinca Etim Malafaya se referindo ao baterista Claudio Bena. Ele é torneiro mecânico. Além do mais, contam com um especialista na afinação de instrumentos musicais, o lutier e solista da banda, Tiago Sampaio, acrescenta Etim.

Ainda conforme Etim, líder natural dos parceiros de música desde o início do ano, a Malafaya tem se apresentado em vários palcos. No fim de outubro, no dia 26, fazem show na Feira de Negócios da Região Centro (Fenerce), em Quixadá. Será a oportunidade para quem ainda não sentiu de perto a energia regueira nordestina, conhecer o notório grupo musical.

Mas a data oficial do aniversário é 3 de novembro, o primeiro sábado do mês, dia ideal para comemorar com os fãs e o público o surgimento de um novo representante do talento da terra no cenário musical regional e estadual, destaca o músico.

Destaque
Malafaya é o termo utilizado por religiosos para se referir aos cavaleiros pregadores do ensinamento de Jesus Cristo. Mas Etim confessa ter adotado o nome artístico e para a banda em razão da sonoridade agradável.

O bom do reggae, como admite os apreciadores, é que não há uma forma padrão para se dançar. Cada um inventa seu estilo, em geral cadenciado e introspectivo. Ao contrário de outros estilos de dança destinados a pares, a música motiva movimentos individualizados. Assim, pés e braços seguem os ritmos na percepção aleatória dos amantes desse gênero musical, desenvolvido originalmente na Jamaica.

Escola musical é modelo para jovens
Apesar das denúncias de atraso de vários meses no pagamento das bolsas para os estudantes, atualmente cerca de 80 alunos assistem regularmente às aulas de música na Mestre Nabor. Parte deles integra a Banda Municipal de Quixadá
Quixadá. Instalada em 1967, pelo professor João Benício de Sá, e inaugurada aos 24 de março de 1968, a Escola de Música Mestre Nabor, da Banda de Música de Quixadá, é referência para a formação de dezenas de músicos. Conforme o atual professor e maestro da Escola, Francisco de Assis Barros, conhecido como "Didi Barros", a dedicação e a tradição da Mestre Nabor atraem muitos jovens. Após dois anos estão preparados para seguirem seus passos.

"Por falta de escolas de música no Estado, poucos procuram especialização, mas a maioria acaba encontrando seu espaço", explica o professor. Ele cita como exemplo os músicos da banda Malafaya. A maioria recebeu formação na Mestre Nabor.

Didi Barros comemora com os ex-alunos a ascensão musical da Malafaya, afinal, após três décadas surge novamente uma banda genuinamente quixadaense. A última a subir nos palcos foi a Black Banda, formada exatamente por ele e pelo amigo José Ednilson Matias, coordenador da banda Mastruz com Leite. A última apresentação ocorreu em 2006, no carnaval de Cascavel, mas o professor maestro confessa estarem planejando o retorno da Black Banda aos palcos. Com tantos músicos, não será difícil revitalizar a mais conhecida banda de Quixadá. Naquela época, além de conquistarem Fortaleza, na agenda incluíram várias cidades do Nordeste e até a capital paulista.

Adaptação
Conforme o maestro, eram tempos bem diferentes. As bandas tinham formação para tocar geralmente em bailes, músicas de todos os gêneros. Eram raras as apresentações em praças, a não ser nos carnavais e época de política. Hoje, além de trabalharem em cima da roupagem de musicas de outras regiões e estilos, como o sertanejo, o ritmo é praticamente o mesmo. Mas seus alunos são preparados para se adaptarem a qualquer situação, principalmente ao gosto popular. Alguns integram bandas conhecidas e atualmente famosas como Aviões do Forró, Balança Nenem e a sensação do momento, Forró do Movimento.

Segundo Didi Barros, atualmente 80 alunos assistem, regularmente, as aulas de música na Mestre Nabor. Parte deles integra a Banda Municipal.

As turmas são divididas por faixas etárias. Os alunos podem ingressar a partir dos 12 anos. O limite de idade para inscrição é de 18 anos. Alguns recebem bolsa benefício para estudar música. O valor mensal é de R$ 315,00. A nota triste é que há nove meses 30 alunos não recebem o auxílio. A reclamação foi feita pelos pais de alguns deles. "Apesar desse atraso nossos filhos não desafinam na hora de se apresentarem", comentou uma mãe, pedindo para não ter seu nome revelado.

Atraso
O atual secretário de Educação de Quixadá, professor João Batista, reconheceu o atraso no pagamento dos bolsistas, todavia justificou não ser de nove meses. Segundo ele, algumas parcelas foram pagas recentemente. Até o enceramento da gestão do prefeito Romulo Carneiro, a situação deverá ser regularizada, sob risco do administrador responder por improbidade administrativa. Ele informou ainda ser de responsabilidade da Secretaria de Finanças o repasse da verba destinada a bolsa dos alunos de música. O pagamento não está vinculado à Secretaria de Educação do Município.

Além da Escola de Música Mestre Nabor, mantida pela Secretaria de Educação do Município, a Fundação Cultural Rachel de Queiroz disponibiliza cursos gratuitos de música. Violão, teclado, flauta e violino são as opções. "O limite mínimo de idade também é de 12 anos, mas não há restrição para a idade máxima", explica a coordenadora dos cursos, Regina Queiroz.

São cinco meses de aulas. Atualmente existem oito turmas de violão. Cada uma delas tem 15 alunos. A menor turma é de violino, apenas uma. Mas, a cada dia, aumenta o número de interessados. Já tem gente na fila para o próximo semestre. Os cursos tiveram início em 2003.

ALEX PIMENTELCOLABORADOR
Mais informações:
Banda Malafaya
(88) 9712.9284

Escola de Música Mestre Nabor Rua Clarindo de Queiroz, S/N
Telefone: (88) 9698.8677

FONTE:http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1192303