sexta-feira, 22 de março de 2013

COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS: Situação de pastor definida na terça


A eleição de Feliciano provocou reação por suas declarações nas redes sociais vistas como racistas.

Brasília. Depois de pedir nos bastidores a renúncia do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) do comando da comissão de Direitos Humanos, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), prometeu uma solução até a próxima terça-feira, dia 26, para a situação que definiu como "insustentável".

A comissão não conseguiu realizar sessões nas duas últimas semanas devido aos protestos contra o pastor Marco Feliciano FOTO: AGÊNCIA BRASIL
A declaração pública de Alves é mais um elemento na pressão sobre o deputado do PSC. A eleição de Feliciano provocou reação de grupos ligados aos direitos humanos por ele ter feito declarações por meio de redes sociais vistas como racistas e homofóbicas pelos militantes da causa. A insatisfação na Casa cresceu ainda mais nesta semana, após um assessor do pastor divulgar um vídeo com ataques a seus adversários no parlamento e a rituais africanos.

A comissão não conseguiu realizar sessões nas duas últimas semanas devido aos protestos contra Feliciano. "Essa situação, agora passou a ser também responsabilidade do presidente da Câmara dos Deputados", afirmou Alves ao destacar que a "radicalização" prejudica o andamento dos trabalhos na Casa.

Resistência

Feliciano, por sua vez, manteve a posição de resistir. Ele afirmou que a pressão que sofre é de "vinte pessoas que estavam fazendo bagunça na comissão". Ele destacou a votação recebida na eleição para deputado federal e o apoio parlamentar que teve para chegar ao comando da comissão. Citou ainda o apoio de evangélicos como um dos motivos para continuar.

"Fui eleito deputado com mais de 200 mil votos em São Paulo. Fui eleito por um colegiado de líderes na Câmara e represento mais de 50 milhões de evangélicos diretamente e mais um sem número de famílias que tem a mesma visão minha", disse o pastor. A menção à força dos evangélicos tem sido constante entre os aliados de Feliciano.

Alguns sugerem que ele deveria convocar uma manifestação a seu favor para mostrar a força de seu segmento. Os mais próximos, porém, o aconselham a montar uma pauta para a comissão evitando temas que criem polêmica com os grupos que tentam derrubá-lo.

Enquanto o pastor tenta traçar planos para o comando da comissão, o PSC busca uma forma de convencê-lo a sair. Alguns parlamentares da legenda reclamam que a insistência tem provocado um desgaste a todos.

O líder, André Moura (SE), espera reunir todos os deputados do PSC na próxima terça-feira para que seja discutida uma saída para Feliciano. Como foi eleito, porém, o pastor só deixará a comissão se ceder aos apelos para uma renúncia.

Em relação ao processo por estelionato a que responde no Supremo Tribunal Federal - ele teria recebido R$ 13 mil por um culto que não ministrou no Rio Grande do Sul - Feliciano afirmou já ter depositado em juízo o valor, com juros, e se disse vítima de uma tentativa de extorsão. "Eu adoeci, não pude ir. (...) Minha equipe ligou e eles disseram que iam remarcar o evento. Ficamos aguardando e o evento não foi remarcado. Quando tentamos entrar em contato, já haviam feito um processo gigantesco, quase uma extorsão, pedindo um milhão de reais", disse.

Ontem, a ministra da Secretaria de Política de Promoção Social da Igualdade Racial, Luiza Bairros, disse que o PSC deve reavaliar a indicação. "O PSC deve reavaliar se é coerente com o histórico de direitos humanos manter uma pessoa com as convicções do deputado na presidência da comissão", defendeu.

Radicalização

"Essa situação, agora passou a ser também responsabilidade do presidente da Câmara dos Deputados"
Henrique Eduardo AlvesPresidente da Câmara dos Deputados 

FONTE: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1244941