segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Os dois lados de um sistema único no mundo

O Sistema Único de Saúde revela suas múltiplas faces diariamente. Quando um transplantado sente um novo coração batendo no peito ou quando um usuário se frustra com a dificuldade de conseguir uma consulta.

Qualquer raio-x do SUS não pode deixar de considerar a ousadia de um modelo reconhecido (FCO FONTENELE)
Qualquer raio-x do SUS não pode deixar de considerar a 
ousadia de um modelo reconhecido (FCO FONTENELE)

Duas histórias, mesmo período, realidades distantes por cerca de 300 quilômetros. Dois contrastes do Sistema Único de Saúde (SUS). De um lado, o SUS que permite por meio do seu grau de excelência mudar a vida do comerciante de Milhã, Edneu Pinheiro, 51, que sofria com o coração crescido e agora sonha com uma vida nova, depois de passar por transplante, no Hospital de Messejana.

Do outro lado do SUS, o vendedor Francisco Braga, 56, que é hipertenso, mesmo depois de toda uma peregrinação a várias unidades de saúde em Fortaleza, desistiu de tentar conseguir consulta com um cardiologista. Fica, para ele, a sensação de descaso e desamparo. São histórias que se repetem nos lares dos brasileiros, que nos ajudam a fazer um raio-x do SUS, como você acompanha nas páginas a seguir.

O problema do SUS não é novo, mas veio à tona novamente com a doença do ex-presidente Lula, que foi diagnosticado com tumor na laringe e iniciou poucos dias depois seu tratamento no hospital particular Sírio-Libanês, em São Paulo. O tratamento em hospital particular fez com que muitos internautas criticassem, afirmando que o certo seria ele usar o atendimento público de saúde, o SUS.

Criado em 1988 pela Constituição Federal, que reconhece o direito de acesso universal à saúde para toda a população, o SUS é visto pelos especialistas como política pública ousada, que ainda tem sim suas dificuldades, mas que já avançou muito.

Único no mundo
A própria presidente Dilma Roussef, no último dia 14, ao lançar os programas Melhor em Casa e SOS Emergências, destacou que “o Brasil é o único país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes que assumiu o desafio de ter um sistema universal, público, gratuito e, que nós queremos, de qualidade”. Segundo a presidenta, dos 190 milhões de brasileiros, 145 milhões dependem do SUS. O preço por essa ousadia, porém, é caro. Com avanços, entraves e muitos desafios a serem enfrentados.

Por quê

ENTENDA A NOTÍCIA

Como pode um país em desenvolvimento assumir o compromisso de cuidar de 100% de seus cidadãos? O SUS é um modelo de saúde ousado, único, caro, que impressiona inclusive países de primeiro mundo.