A Quaresma é tempo de conversão, do retorno para quem se acha longe de Deus. A Quaresma nos oferece especial oportunidade para uma renovação profunda na prática da reconciliação e da comunhão. A participação na Eucaristia, celebrada, vivida, adorada, sobretudo em circunstâncias interiores e exteriores de abertura frutificará em uma vida evangélica. Quando se participa da Penitência com as disposições de contrição e de bom propósito produzirá na vida espiritual uma sensibilidade maior à ação santificadora do Espírito de Deus, força contra o espírito do mal e forte determinação em seguir Jesus. Neste tempo litúrgico que a Igreja nos oferece, fazemos memória dos 40 anos do povo de Deus no deserto e revivemos os 40 dias de deserto de Jesus preparando-se para a sua missão. O deserto é o lugar do silêncio, da oração, do vazio para deixar lugar para Deus, dando-lhe liberdade para agir e operar. É também o lugar da prova, da tentação, da luta espiritual, uma verdadeira acadêmica de exercitação do atleta de Deus que deve robustecer sua vontade, humilhar seu coração e sua mente, a fim de que o retorno ao Senhor aconteça de modo progressivo, fecundo, verdadeiro. Trata-se de um tempo de treinamento o que exigirá renúncia e esforço (cf. Cl 1,24-28; 1Cor 9, 24-27).
o A Quaresma é o tempo de uma mais viva experiência de participação do mistério pascal de Cristo: «Participamos aos seus sofrimentos para participar também da sua glória» (Rm 8, 17): eis a lei da quaresma.
o É um tempo em que Cristo purifica sua esposa, a Igreja (cf. Ef 5, 25-27; Apc 19, 8). Neste tempo de salvação se tenta frisar não tanto as práticas ascéticas, mas a ação purificadora e santificadora do Senhor, de modo que as obras penitenciais constituem um vigoroso sinal da participação ao mistério de Cristo que por nós se faz penitente com o jejum no deserto.
A penitência nasce de uma profunda e fecunda interioridade e por isso se exterioriza como expressão de sua eficácia e verdade.
+ A escuta da Palavra, a oração freqüente, uma mais intensa comunhão de bens, o jejum e outras abstinências nos introduzirão neste itinerário espiritual exigente, mas profundamente libertador. Nossa peregrinação para a Páscoa se povoará de sentido e de luz.
+ Peçamos ao Senhor a graça de trabalharmos na nossa conversão. Que Ele se digne ajudar-nos para sermos cristãos arrependidos e vigilantes, humildes e generosos. Conceda-nos o Pai, por seu Filho Jesus o dom do seu Espírito para sermos, filial e amorosamente confiantes em quem nos amou primeiro e continua pedindo o nosso amor, atitude divina incompreensível, mas verdadeira e provocadora para nós.