E mais uma pesquisa polêmica realizada na Universidade do Sul da Califórnia tem agitado a comunidade científica. Mas dessa vez não se trata de vida extraterrestre e sim da nossa vida e de outros seres que dividem esse planeta conosco.
A alteração de dois genes que nós compartilhamos com os fungos (parentes distantes de todos os animais), combinada com uma dieta de baixa caloria conseguiu prolongar a vida das levedurasSaccharomyces cerevisiae (organismos usados para ajudar na fermentação de pães e cervejas) em dez vezes. Esses organismos estão entre os seres mais estudados em todo o mundo e isso facilitou a localização dos genes responsáveis pelo envelhecimento.
Como a mesma técnica em tese pode ser aplicada em células humanas (ou pelo menos nas de embriões), os pesquisadores acreditam que é possível, sim, imaginar pessoas vivendo até 800 ou mais anos no futuro. “A descoberta nos permitiu ficarmos mais próximos de controlar a sobrevivência e a saúde de unidades básicas da vida: as células. Nós estamos criando a reprogramação da vida saudável”, afirma o coordenador da pesquisa Valter Longo.
Os cientistas retiraram dos fungos pesquisados dois genes chamados de RAS2 e SCH9, que promovem o envelhecimento nestes seres e o câncer em mamíferos. “Eu diria que fazer um organismo viver 10 vezes mais do que normalmente vive é algo muito significativo”, comentou Anna McCormick, chefe de genética e biologia celular do Instituto Nacional do Envelhecimento nos Estados Unidos.
Contudo, nem tudo é tão simples e tentar aumentar a longevidade humana num primeiro momento pode trazer como efeito colateral a redução no crescimento e outros problemas de saúde. Então, apesar da ciência ter encontrado o caminho para prolongar a vida das leveduras será preciso muito mais pesquisa para começar a tornar real o sonho de que as pessoas vivam por séculos e não mais por décadas.